sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Valor

Ela ficou sentada no vaso por um bom tempo.
A música fazia a porta vibrar junto com batidas intensas.
"Está tudo bem?"
Não.Não estava tudo bem.
Os segundos de prazer não compensavam o vazio que nunca a deixava.
Mas a resposta foi um sonoro sim acompanhado do sorriso mais vibrante que seu rosto podia fingir.
A música e as batidas na porta eram incessantes.
Mas ela não queria sair...Atrás da porta tinha gente,barulho e mais solidão.
Mais do que ali com aquele estranho.
Ela se deixou ficar.Sentada.
Imóvel enquanto o estranho se retirava.
Ficou por tempos,horas a encarar sua máscara destruída pelos beijos.
Ou talvez foram só alguns minutos...
Quando finalmente saiu.Reparou que novamente era só ela... e o resto do mundo.

A música acabou.
Os amigos se foram.
Os amantes também.
E no meio fio da rua repleta de silêncio ela interrogou a madrugada:
"De que adianta saciar meu desejo se parte da alma sempre é roubada?"

...
Não ouve resposta.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Foda-se

Se amo as pessoas erradas
Faço escolhas erradas
Caminho por trilhas tortas
Converso com estranhos conhecidos
Cometo mais erros que acertos...
Se bebo demais
Fumo demais
Não me esforço o suficiente...

Desculpa,
Essa é minha maneira certa de viver.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Era uma vez outra vez...

Capitulo II - Mentiras sinceras não me interessam

Pra quê mentir, fingir que perdoou?
O importante é ser leal.

Sim foram três meses de saudade, preocupação, ciúme e infidelidade e posterior deslealdade. Havia um acordo entre nós: ‘qualquer coisa poderia acontecer desde que fossemos sinceros um com o outro’. Lealdade. Justo. No entanto como todo acordo existia alguém para quebrá-lo e vejam só: não era eu.
Quando finalmente ele retornou de suas FÉRIAS nos encontramos e com toda certeza, aquele encontro foi especial. Fomos um pouco além de nossos limites. Mas não diria que não foi incrivel. Mesmo assim haviam assuntos a serem acertados e já estava na hora do acerto, talvez este estivesse um pouco atrasado.
Claro, contei tudo sem esconder qualquer minimo detalhe e ele fez o mesmo ou fingiu fazer. Mentiras e mentiras. Palavras que transmitiam alegria convertidas em mentira. Mas até então aquilo ainda era uma forma de me sentir culpada de alguma forma. Passado um tempo aquela novidade ia se aprofundando cada vez até que chegamos ao mais fundo que isso poderia chegar.
Esse, sim, foi o melhor dia da minha vida. Eu me sentia segura e protegida, cheguei até a imaginar o ‘happy ever after’ mesmo eu sabendo que não existe.
Desse dia em diante as coisas começaram a se tornar mais reais. O meu desejo de tornar o que quer que fosse aquilo oficial era forte, mas ele não achava necessário, afinal o que tem de mais em fazer tudo escondido?
E agora eu começo a perceber que tem algo de muito invertido nessa coisa toda. Quando ele percebeu que essa pseudorelação estava ficando mais séria, preferiu adiar qualquer que fosse a oficialização por um motivo que só ele entendia. E eu, como sempre, procrastinava mais ainda. Eu só queria ser mais sincera com quem devia ou quem merecia...

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Caminhos



"Como é seu sonho?"
"Tenho um sonho maior que eu e menor que o mundo"
"Todos temos sonhos assim..."
"Não.Eu conheço gente que tem sonhos maiores que tudo.Até maior que o mundo"
"Mas se um sonho for maior que o mundo..."
"...O dono vai passar por cima do mundo para alcançá-lo."
"Não gostei."
"Conheço também sonhos menores que tudo.Eles são lindos e frágeis..."
"...Mas quase nunca são alcançados."
"Sabe...Meu sonho também é doce e pode ser dividido."
"Porque conseguir ele sozinho não será tão divertido?"
"É."
"Acho que o meu é igual o seu..."

Eram duas crianças deitadas na rede
e um futuro a balança-las.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Reflexo


Já não me encaro.
Não troco olhares.
Não contemplo.
Aquela no espelho me incomoda.
Não é sua aparência.

É o que ela esconde.
Não tenho certeza se sou eu.
Se são os mesmos gostos.

Porém...
É a mesma máscara eterna e imutável.