domingo, 9 de janeiro de 2011

Fantasma

O vazio é um homem.
Pode ser um gato,o espelho,um boneco...Depende de como você o vê.
Para mim é um homem.
Ele aparece de repente,sem avisar com antecedência ocupando todo meu espaço.
Larga o sapato na sala,as malas sobre a mesa,mexe em tudo sem pedir,come sem medidas,ocupa a maior parte da cama.
É inconveniente.Me segue,persegue e encara a todo instante.Não me deixa em paz nem no banho,na rua ou no sonho.
Insiste em um confronto pois tem a meta de incomodar para depois...
Apesar de todo desconforto ele é imensidão.Pois é no fundo de seus olhos que me encontro.
Procuro por ali ou em qualquer outro canto aquilo que falta para ele ir e eu seguir.
O Vazio é imensidão.
Me oferece todos os sonhos,oportunidades e desejos como um vendedor.
Seu preço é o retorno da serenidade ganhando de brinde uma palavra de coragem.
E se depois de encarar aquele homem de olhos profundos encharcados de esperanças encontro o que me completa...

Assim vem o depois.
Ele recolhe o sapato,faz as malas,arruma a cama,repõe a comida.
Não me olha mais nos olhos para não me confundir,não me toca,nem me segue para não me atordoar.
E vai para nunca mais.
É sempre assim que o Vazio me visita.Mas nunca é o mesmo,nunca é o mesmo olhar.
Eles mudam pois as necessidades mudam,pois as ausências não são iguais.

Atualmente divido a cama com um Vazio cego e frio.
Ele me segue mas não me encara.Me abraça sem carinho.
Sei que não veio oferecer esperanças ou oportunidades.
Veio por um desejo encarcerado dentro de nós dois.Um desejo já decidido porém impossível...
O odeio por estar oferecendo apenas o que sou realmente.
E o amo pelo mesmo motivo.

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