segunda-feira, 17 de janeiro de 2011
Ilusão
Como se estivesse sozinha ou como se ninguém existisse
ela se despiu no meio da rua.
Retirou da sacola de pano uma canga na qual se deitou.
E com cautela colocou Clarisse,Vinícius e a Mãe ao seu lado.
Com sua melhor amiga,seu amante e sua maior perda se sentiu menos só.
Tinha a impressão de que fantasmas passavam ao seu redor pelas calçadas,pela rua...E que olhavam para ela.
Mas ela estava sozinha.Era a sua única certeza.
Ela não lembra bem ao certo quanto tempo ficou ali.
Lembra de ver pássaros passando,nuvens passeando,luzes noturnas da cidade reacendendo...
Mas nem tempo para ela existia mais.
Lembra também de fechar os olhos e descansar como jamais conseguira.
Sonhar com a Mãe acariciando-lhe os cabelos e a apertando contra o peito para por fim acordar.
Acordar novamente sozinha e vestida sem Clarisse,sem Vinícius,sem a Mãe...Em um quarto semi iluminado.
Não lembrava quanto tempo havia se passado.
Mas continuava só.
Os fantasmas a visitavam todo dia e lhe ofereciam balas.
E ela aceitava pois só isso fazia ela se sentir menos só,a fazia ver a Mãe.
Com o tempo descompassado, um dia recebeu visitas.
Mas ao contrário dos outros fantasmas da sua vida estes tinham seus olhos,seu sorriso e um amor...
Eles traziam flores,papéis,brinquedos...
Ela riu.
E depois eles se foram.
Em um dos papéis, com letras tortas e gramática errada, vinha escrito:
"E quando você voltar seremos os fantasmas menos sós do mundo.Volta?"
O papel foi grudado na parede e ali ficou eternamente.
Até quando ela se foi...
Pena não ter me contado para onde.
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